O sentimento de culpa pode ser caracterizado como o momento quando nos julgamos negativamente ao acreditar que não conseguimos viver de acordo com os nossos padrões próprios ou impostos pela sociedade. Esse sentimento tem uma função adaptativa, sendo o Sistema Límbico responsável por essa sensação, trazendo um misto de preocupação e remorso que faz com que repensemos sobre as nossas atitudes depois que elas foram tomadas.
Para Freud, o mal-estar é essencialmente a sensação de culpa, o que se caracteriza como um entrave ao projeto civilizatório. Para o autor, a impossível adequação do sujeito ao ideal de universalidade que é imposto pela sociedade traz a sensação de mal-estar, sendo esse “ideal” o articulador do sentimento de culpa, uma vez que esse estabeleceria um critério para a satisfação do sujeito, gerando exclusão daquilo que não se submete a ele. Deste modo, a violência aparece como expressão daquilo que resiste a ser incluído no princípio de universalidade e por isso ela passa a se manifestar como sentimento de culpa.
Na visão psicanalítica existe uma dicotomia entre o que o indivíduo gostaria de ser (Eu ideal) e o que realmente ele é (Eu real), assim, pelo fato de não ser aquilo que almeja, surge o sentimento de culpa, ou seja, a culpa existencial. Deste modo, a noção de culpabilidade envolve aspectos filosóficos, teológicos e psicológicos que também se relacionam com a angústia (mal-estar interno), a qual, assim como a culpa, tem suas origens no conjunto do desenvolvimento afetivo.
Esse sentimento se torna preocupante no momento em que traz a sensação de que se está paralisado, assim romper com esse ciclo de culpa requer que o sujeito esteja aberto a um exercício de autorreflexão e otimismo, pois, mudar seus pensamentos e comportamentos diante de situações de culpa resulta no desenvolvimento de uma inteligência emocional. Logo, a superação desse ciclo é capaz de promover uma melhor autoestima e capacidade de expressão, aumentar a capacidade de empatia, reduzir a vulnerabilidade à raiva e aumentar a qualidade de vida.
Para ultrapassar esse momento de sentimentos conturbados deve-se procurar um atendimento profissional, muitos autores trazem a Terapia Cognitiva-Comportamental como um bom método de tratamento. Ainda, o sujeito pode atentar-se a algumas coisas, como por exemplo, entender a diferença entre culpa e responsabilidade, estar atento aos seus pensamentos e reações acerca deles e praticar uma maior empatia consigo mesmo.