💢A preocupação com a saúde
mental da mulher no Brasil sofreu uma mudança nos últimos 50/60 anos, tendo o
conceito de controle de natalidade dando lugar ao conceito de saúde
reprodutiva, que compreende a saúde da mulher e seus direitos, levando
programas a focar na assistência à saúde física e mental da mulher, desde a
adolescência à terceira idade. Entretanto, a prática da assistência integrada
possui déficits, uma vez que o sistema depende de vontade política, organização
do próprio sistema de saúde e estímulo e treinamento apropriados da equipe de
saúde.
💢Em 1984, o Ministério da
Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) que
incorporou como princípios e diretrizes as propostas de descentralização,
hierarquização e regionalização dos serviços, além da integralidade e a
equidade da atenção. Assim, o programa inclui ações educativas, preventivas, de
diagnóstico, tratamento e recuperação.
💢A saúde feminina é
afetada pelo contexto em que vive e fatores externos que a rodeiam, como
aspectos socioculturais e questões de gênero, logo, a identificação e a
modificação desses fatores tornam possível a prevenção precoce de algumas
desordens. Assim, a invisibilidade do gênero traz consequências nos atendimentos
à mulher, pesquisadores apontam que essas diferenças devem ser consideradas,
por exemplo, quando aponta-se um nível de
"tolerância" para que um comportamento seja visto como sintomático
ele é diferente para homens e mulheres principalmente em situações como
agressividade e da expressão da sexualidade; ou ainda, o fato de ver o
sofrimento expressado pelas mulheres como dramático ou histriônico, o que
desqualifica a precisão de um diagnóstico.
💢Nesse contexto, se faz
importante trabalhar a saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero, a
partir da compreensão de que as mulheres sofrem duplamente com as consequências
dos transtornos mentais, devido às condições sociais, culturais e econômicas em
que vivem, as quais são reforçadas pela desigualdade de gênero, que atribui à
mulher uma postura de inferior e de subserviência em relação aos homens. Logo
pensar em gênero e saúde mental não engloba somente o sofrimento causado pelos
transtornos mentais ou as tendências individuais, mas sim entender o contexto
no qual estão inseridas.
💢Em suma, deve-se buscar
um atendimento mais eficaz às mulheres em que as questões de gênero sejam
incorporadas como referências para que o profissional da saúde possa
compreender as reais necessidades das mulheres que buscam um atendimento em
serviço de saúde mental. Isso pode ser feito mediante a melhoria de informações
sobre as mulheres portadoras de transtornos mentais no SUS, qualificação na
atenção à saúde mental das mulheres, inclusão de um enfoque de gênero e
integração com setores não-governamentais.